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Niemeyer negou autoria do seu único projeto em Portugal

Em dezembro de 2007, Oscar Niemeyer revelou em entrevista ao Expresso que o projeto do Hotel e Casino do Funchal não é da sua autoria.

Carlos Abreu (www.expresso.pt)

"Esse projeto não é meu. Eu fiz o projeto a uma escala pequena e o arquiteto português desenvolveu. E ele mudou algumas coisas. De modo que não considero um projeto meu."

Foi assim que o conceituado arquiteto brasileiro respondeu quando questionado pelo Expresso em dezembro de 2007, sobre único projeto seu em Portugal, o Casino do Funchal na Madeira, atual Pestana Casino Park.

Na altura, Oscar Niemeyer lembrou que o Viana de Lima, o arquiteto formado no Porto que classificou como "muito bom", fez diversas alterações no projeto original e por isso, na sua opinIão "o projeto da Madeira é muito mais dele do que meu".

O projeto do Casino Park Hotel, que incluía um casino e uma sala de congressos, foi encomendado pela Sociedade de Investimentos Turísticos da Ilha da Madeira, propriedade da família António Xavier Barreto ao arquiteto carioca. Apalavrado em 1966, as obras só arrancaram seis anos depois e a 3 de outubro de 1976 foi finalmente inaugurado.

Em 1985, no entanto, a família Barreto vendeu todo o complexo à família Pestana e o Casino Park Hotel passou a figurar como Pestana Carlton Park e, mais recentemente, como Pestana Casino Park.

O projeto do arquiteto brasileiro, explica Carlos Oliveira Santos, na obra "O nosso Niemeyer", foi seguida no terreno pelo arquiteto português, natural de Esposende, e concebido em cinco folhas manuscritas, que alertavam para as suas principais preocupações.

"O projeto de um hotel na ilha da Madeira apresenta uma série de problemas fundamentais. Primeiro, as características do lugar, a beleza da ilha, seu aspeto pitoresco e acolhedor, que cumpre proteger. Segundo, os problemas que daí decorrem, problemas de gabarito, escala, visibilidade, etc. Trata-se a meu ver de problemas tão importantes que, ao redigir esta explicação, sinto-me obrigado a abordá-los, advertindo as autoridades locais da conveniência de estabelecer medidas de proteção paisagística", escreveu.