Os mais de 600 trabalhadores da fábrica da Sicasal, em Vila Franca do Rosário (Mafra), afetada hoje por um incêndio que danificou toda a zona de produção, temem ficar no desemprego e sem o sustento das suas famílias.



A fábrica da Sicasal dá trabalho a cerca de uma centena de famílias sobretudo dos concelhos de Mafra e Torres Vedras.



Conhecedor da fábrica há 35 anos, tantos quantos os anos de trabalho, João Lima, igualmente presidente da Junta de Freguesia de Vila Franca do Rosário, defende que "com a área dos frescos e da transformação quase totalmente destruída [zona de produção], o incêndio põe em causa muitos postos de trabalho".

Fábrica era o sustento de muitas famílias da região 

António e Patrícia Pereira são um dos muitos casais a trabalhar na fábrica há quatro anos. "Temos uma filha de três anos, temos casa e carro para pagar e não sabemos o que vai ser de nós se formos despedidos", afirma à agência Lusa António Pereira, cujos cunhados trabalham igualmente na mesma empresa.

De lágrima no olho, Lurdes Lavrador vê os seus 24 anos de trabalho em prol da fábrica esfumarem-se em minutos. "Tenho aqui uma parte da minha vida, porque ajudei a erguer a fábrica, assim como a fábrica me ajudou. Se não fosse este trabalho, não

conseguia pagar os estudos universitários das minhas filhas", lamenta a operária.



Aos 55 anos de vida e face à situação de desemprego que se vive no país, a trabalhadora vê-se "sem alternativas para encontrar trabalho", caso venha a ser despedida. "Estou muito preocupada se ficar sem o meu ganha-pão, porque nem a trabalhar no campo temos alternativa", diz.



De igual modo, João Policarpo, trabalhador há 25 anos, olha com tristeza para o fumo negro que vê sair das instalações da fábrica, enquanto o incêndio é combatido pelos bombeiros. Na sua família, também a esposa trabalha na empresa há 16 anos. Os dois salários asseguram o sustento da sua família.

Operações de rescaldo ainda em curso

O incêndio na fábrica da Sicasal em Vila Franca do Rosário, concelho de Mafra, deflagrou às 7h09 e ficou dominado às 9h44, decorrendo ainda as operações de rescaldo e de remoção dos destroços para se poder fazer uma melhor avaliação dos prejuízos, que são ainda incalculáveis.



O incêndio terá tido origem num curto-circuito numa sala de embalamento, quando já havia trabalhadores a laborar, mas não causou quaisquer feridos, à exceção de um bombeiro que ficou ferido num pé quando subia uma escada para ir combater as chamas.