Atualidade / Arquivo

"Há uma minoria que actua ao cair da noite"

"Na Quinta da Fonte não são todos maus. Há uma minoria de grupos que actuam ao cair da noite. Estão, segundo sei, identificados", declarou o autarca em conferência de imprensa.

O presidente da Câmara Municipal de Loures atribuiu hoje os desacatos dos últimos dias no bairro Quinta da Fonte a uma minoria de habitantes, mas admitiu que neste momento os elementos de etnia cigana não têm condições de regressar às suas casas.

"Na Quinta da Fonte não são todos maus. Há uma minoria de grupos que actuam ao cair da noite. Estão, segundo sei, identificados", declarou o autarca em conferência de imprensa, após uma reunião com alguns elementos da comunidade cigana e o advogado desta.

"Tenho a indicação de que naturalmente será a outra comunidade [africana] a atacar, uma vez que é a comunidade cigana que está a ser atacada", respondeu Carlos Teixeira, questionado pelos jornalistas.

O autarca disse ter a esperança de que as duas comunidades, cigana e africana, encontrem um entendimento durante a reunião que hoje à tarde vai decorrer no Governo Civil de Lisboa.

No entanto, a autarquia já entrou em contacto com a Segurança Social para tentar encontrar um alojamento temporário para as famílias ciganas que abandonaram o bairro, dado que a autarquia não tem neste momento fogos disponíveis, para além dos da Quinta da Fonte.

Por enquanto, Carlos Teixeira desconhece quais serão as alternativas para um alojamento temporário destas famílias, admitindo que possam ser fora do concelho de Loures.

Sobre a quantidade de famílias ciganas que necessita de uma alternativa, o presidente da Câmara considera que serão "certamente menos de 50", um número que tinha sido avançado aos jornalistas pelo advogado que representa a comunidade, Arrobas da Silva.

"Não toleramos os oportunismos que entretanto surgiram", avisou o autarca, acrescentando que algumas pessoas que já tinham anteriormente abandonado o bairro se estão a tentar aproveitar desta situação e que outras têm acções de despejo porque não pagam as suas rendas.

Considerando que o principal problema do bairro Quinta da Fonte é a insegurança, Carlos Teixeira afirma que o papel da autarquia "está cumprido" e que "há outras entidades competentes para resolver" os problemas da segurança.

Reafirmou ainda que a esquadra de Camarate, que deverá estar concluída até ao final do ano, irá contribuir para aumentar o sentimento de segurança na freguesia da Apelação (à qual pertence a Quinta da Fonte).

Apesar de admitir que é necessário um reforço da segurança, o presidente da Câmara sublinhou que o concelho de Loures "não é inseguro" e que ele próprio nunca se sentiu inseguro na freguesia da Apelação".

A conferência de imprensa promovida pelo autarca de Loures ocorreu momentos após uma reunião com elementos da comunidade cigana.

Nesta reunião participaram ainda o advogado desta comunidade e os vereadores do Urbanismo e da Acção Social. Não estiveram presentes quaisquer membros da comunidade africana, segundo disse o presidente da Câmara, contrariando afirmações de alguns elementos ciganos que se encontravam no largo junto ao edifício da câmara municipal.

"Não participaram [elementos da comunidade africana] porque não o solicitaram", concluiu Carlos Teixeira.