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Fracassa posição comum da ONU

A terceira reunião informal sobre o conflito entre a Geórgia e a Rússia na Ossétia do Sul terminou sem que o Conselho de Segurança da ONU adoptasse uma declaração conjunta instando ao cessar-fogo.

O Conselho de Segurança da ONU terminou hoje em Nova Iorque a terceira reunião informal sobre o conflito entre a Geórgia e a Rússia na Ossétia do Sul sem conseguir adoptar uma declaração conjunta instando ao cessar-fogo. "É claro que o conflito está agora a alastrar a outras regiões da Geórgia, em particular à Abkházia", região separatista situada no oeste da Geórgia, junto ao Mar Negro, declarou à imprensa o presidente em exercício do Conselho de Segurança, o belga Jan Grauls. "Chegámos à conclusão de que era muito difícil, se não impossível, encontrar uma posição comum para emitirmos uma declaração", admitiu. Edmond Mulet, secretário-geral adjunto da ONU para as operações de manutenção da paz, indicou, por sua vez, que um comunicado do secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon, sobre a situação na Geórgia será divulgado nas próximas horas. Respondendo às perguntas dos jornalistas, o embaixador russo Vitaly Tchurkine reiterou a exigência da Rússia de que os georgianos "assinem um compromisso de não recorrerem à força e se retirarem da Ossétia do Sul", uma região separatista que declarou unilateralmente a independência no início da década de 1990 e que é apoiada por Moscovo. Tbilissi sustenta desde sexta-feira que controla quase totalmente a pequena república e a sua capital Tskhinvali, após confrontos sangrentos.

"O cessar-fogo não é uma solução, esta aventura fracassou e a única solução é regressar ao status quo anterior", acrescentou Tchurkine. "A Rússia não retirará as suas forças" de manutenção da paz presentes na Geórgia desde 1992, sublinhou. "A maioria dos habitantes da Ossétia do Sul é russa e o único meio de pôr fim ao massacre é as tropas georgianas retirarem-se", declarou o diplomata russo.

O Azerbaijão decidiu hoje suspender as exportações de petróleo via Kulevi e Batumi, na Geórgia, devido ao conflito que os georgianos mantêm com o exército russo por causa da província independentista pró-russa da Ossétia do Sul. "As exportações de petróleo através dos portos de Kulevi e Batumi foram suspensas", afirmou o director da companhia petrolífera pública do Azerbaijão, Rovnag Abdullaev.

De acordo com o responsável, o Azerbaijão vai ponderar uma eventual exportação de petróleo através do oleoduto que liga Baku (a capital do Azerbaijão) ao porto russo de Novorossisk. "No entanto, a capacidade deste oleoduto é muito fraca", precisou.

A Geórgia combate uma ofensiva militar do exército russo por causa da província independentista pró-russa da Ossétia do Sul. O primeiro-ministro da Geórgia, Lado Gourgenidze, afirmou que a aviação russa efectuou bombardeamentos nas proximidades do oleoduto Baku-Tbilissi-Ceyhan (BTC), mas a companhia britânica BP já desmentiu esses ataques.

O oleoduto BTC, de 1.774 km, leva petróleo dos campos petrolíferos do Azerbaijão, no mar Cáspio, até ao porto turco de Ceyhan, nas margens do Mediterrâneo, e tem capacidade de 1,2 milhão de barris por dia. Permite assim transportar petróleo do Mar Cáspio para os mercados ocidentais sem ter de passar por território russo.