A Associação Nacional das Farmácias (ANF) alargou o seu universo empresarial com a criação da HMR - Health Market Research, que vai dedicar-se à recolha e tratamento de informação nacional e regional sobre o mercado farmacêutico, nomeadamente medicamentos de marca (sujeitos ou não a receita médica) e genéricos.
A nova empresa surge na sequência do rompimento do acordo existente entre a ANF e a multinacional IMS Health, que monitoriza o sector do medicamento em Portugal. Juntas tinham lançado o projecto XPonent, um sistema que permitia cruzar os dados dos medicamentos prescritos com a informação constante numa tabela (propriedade da IMS) onde figura o número da cédula do médico associado à sua especialidade.A finalidade do projecto era vender os dados já tratados à indústria farmacêutica, que passaria a dispor de informação preciosa para focalizar a sua actuação em termos de "marketing" junto dos médicos. Agora, as farmácias vão fazer concorrência à IMS neste mercado.
Do lado da IMS, foi o ex-director-geral ibérico, Carlos Mocho, quem deu a cara pela parceria. Entretanto, o responsável deixou a consultora quando o conflito se tornou insanável. Agora, Carlos Mocho trabalha para a ANF enquanto presidente da HMR.
Segundo uma circular que a direcção da ANF enviou aos associados, o falhanço da parceria é culpa da IMS que "deixou de pagar as contrapartidas devidas". A missiva, assinada pelo presidente João Cordeiro, diz ainda que "após insistências várias para que o contrato fosse cumprido, e uma vez que a IMS se recusou reiteradamente a cumprir com as suas obrigações, vimo-nos forçados a suspender a prestação de dados".Por sua vez, a IMS acusa a ANF de exigir valores "desproporcionados, excessivos e abusivos que não são devidos" e apelida de difamatórias as palavras de João Cordeiro.
Em carta enviada aos clientes (farmácias e laboratórios), a empresa garante que "desenvolveu todos os esforços para solucionar o diferendo com a ANF, incluindo repetidas tentativas para pagar os dados nos termos sempre praticados entre as duas partes desde 2006". E diz também que a ANF "manteve uma atitude lamentável e inaceitável" porque utilizou a "sua posição dominante no mercado" para recusar o fornecimento da informação a preços razoáveis.
O caso está agora entregue aos advogados de ambas as partes.