Sábado passado, dia da gigantesca manifestação em Portugal da chamada "Geração à rasca", os Deolinda protagonizaram um momento de grande emoção e intensos aplausos durante e após a interpretação da canção "Parva que sou" , num concerto em Ferrol, na Galiza.
Face à impossibilidade física de estarem presentes, Ana Bacalhau quis dedicar a canção estreada há mês e meio, no Coliseu do Porto, "a todas as pessoas que hoje (sábado) expressaram o seu descontentamento nas ruas do nosso país, Portugal".
Perante uma assistência entusiasmada e conquistada, Ana Bacalhau, numa das raras ocasiões em que o grupo decidiu ir mais longe na explicação do conteúdo político e social de um tema do qual de imediato se apoderaram milhares de jovens portugueses, referiu que se fala ali de "alguém muito desencantado com o seu trabalho, com a insegurança na sua vida".
Atentado à dignidade
Alguém que "sente quase um atentado à sua dignidade não fazer planos, tal a instabilidade que sente", prosseguiu Ana Bacalhau.
Sempre pontuada por aplausos, a intervenção da vocalista dos Deolinda fala ainda de uma personagem que acaba "a dizer que não pode mais, que vai fazer alguma coisa pela sua vida e vai tomar a ação nas suas mãos".
Numa referência direta aos acontecimentos do dia, Ana Bacalhau aproveitou para recordar que naquele sábado milhares e milhares de pessoas expressaram o seu descontentamento nas ruas "por estarem nas condições desta personagem".
Galegos sintonizados
O público galego vibrou com a introdução à canção, vibrou durante a interpretação e, no final, era percetível a emoção de uma assistência que, mesmo se não percebeu todo o conteúdo da letra, seguramente terá compreendido o essencial.
Até porque, como disse ainda Ana Bacalhau, a canção era cantada a pedido, porque também na Galiza muitos jovens se identificam com a mensagem contida no tema "Parva que sou".