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Cavaco quer promover diálogo entre Sócrates e Jardim

Na chegada ao arquipélago, Cavaco Silva destacou o "respeito" e o "apreço" pelas autonomias regionais.

Sara Moura, na Madeira

O Presidente da República chegou hoje, pelas 17 horas, à Madeira, trazendo na bagagem o "desejo" de conhecer de perto a realidade madeirense e a intenção de contribuir para o reforço do diálogo entre os governos da República e da Região.

Cavaco Silva fez-se acompanhar pelo Ministro da Presidência, Pedro Silva Pereira, numa altura em que as relações entre o Funchal e Lisboa continuam tensas e, ainda na sala de imprensa do Aeroporto, frisou o "respeito" e o "apreço" pelas autonomias regionais.

"São casos indiscutíveis de sucesso na nossa democracia", disse Cavaco Silva, depois de ter cumprido o protocolo e cumprimentado o presidente da Assembleia Legislativa Regional da Madeira (ALRM), Miguel Mendonça, o presidente do Governo Regional, Alberto João Jardim, e o Representante da República para a Madeira, Monteiro Diniz.

As primeiras palavras em solo madeirense parecem ter sido também uma espécie de justificação da agenda dos seis dias de visita ao arquipélago, que provocaram alguma tensão entre a oposição política regional. "Vou ter uma agenda preenchida, com visitas a todos os concelhos e reuniões de trabalho com empresários, agricultores, autarcas, autoridades locais e encontros com agentes políticos, sociais e culturais", explicou Cavaco Silva.

Uma agenda que sabe a pouco para os partidos da oposição que esperavam uma sessão solene na ALRM e audiências oficiais com Cavaco Silva. Em contrapartida, vão ter um jantar, hoje à noite no Parlamento Regional, e apenas breves encontros com o Presidente da República, na unidade hoteleira onde ficará instalado no Funchal.

Cavaco, que vai participar nas comemorações oficiais dos 500 da Cidade do Funchal, quer aproveitar a "estadia" para "conhecer de perto a realidade madeirense e perceber os anseios e aspirações das gentes das ilhas". Mas apesar do programa, segundo a oposição, ser demasiado oficial, deixando de parte alguns problemas sociais existentes na Madeira, o Presidente da República quer "tomar conhecimento dos desafios e problemas que se colocam ao arquipélago, nestes tempos de mudança".

O presidente da Assembleia Legislativa Regional da Madeira (ALRM), Miguel Mendonça, responsabilizou hoje o Palácio de Belém por não ter incluído uma sessão solene na visita oficial de Cavaco Silva ao arquipélago. "Não se impõe programas de visitas presidenciais ao presidente da República", disse Miguel Mendonça aos jornalistas, frisando que no programa proposto pela Casa Civil da Presidência da República não constava o "item" da Sessão Solene.

Esta quebra protocolar face ao principal órgão de soberania madeirense foi desvalorizada por Mendonça e motivou as polémicas declarações de Alberto João Jardim, que justificou a não realização da Sessão Solene, com os efeitos negativos que representava para a Madeira, Cavaco Silva conhecer o "bando de loucos" que existe no Parlamento Regional.

A frase de Jardim provocou uma onda de indignação entre os partidos da oposição madeirenses, que ameaçam boicotar o jantar de hoje na ALRM, e o silêncio do líder nacional do PSD, Luís Filipe Menezes.

S.M.