Na Assembleia Legislativa da Madeira não houve Sessão Solene mas houve um jantar oferecido pelo presidente do parlamento regional, Miguel Mendonça, ao chefe de Estado, onde esteve presente todos os partidos, com excepção do Bloco de Esquerda.
Num discurso politicamente correcto em que tentou agradar a Sócrates e a Jardim, Cavaco Silva começou por realçar a importância da autonomia para depois lembrar que a solidariedade da República tem limites financeiros.
"Estou certo de que a cultura política da Madeira, ao entrar na sua fase de maturidade plena, também sabe que a solidariedade da República depende dos recursos disponíveis, e que estes são, necessariamente, limitados", afirmou o Presidente da República, com a convicção de que "os madeirenses não quererão reclamar para si aquilo que não pode ser dado aos outros portugueses".
Antes, no discurso de abertura, Miguel Mendonça, havia "reclamado" mais autonomia financeira para a Madeira. Queremos, disse, uma autonomia que se possa mover, sem equívocos, num quadro de autonomia financeira, sem a qual a Autonomia política não passe de mera flor de retórica.
Com o presidente do Governo Regional, Alberto João Jardim, e o Ministro da Presidência, Pedro Silva Pereira sentados lado a lado, o discurso de Cavaco debruçou-se quase por completo no relacionamento entre a República e a Madeira. Minimizou as tensões entre os governos pois são "uma realidade incontornável" na afirmação das autonomias regionais, mas ressalvou que todos têm a perder com a persistência de conflitos mais ou menos artificiais.
"Os poderes centrais devem respeito à autonomia, no justo reconhecimento de que existe uma especificidade que reclama uma dignidade própria (...), e da parte dos poderes regionais, por seu turno, deve ser cultivada a dignidade que justamente reclamam para si próprios", disse o Chefe de Estado, enquanto Miguel Mendonça defendia "uma autonomia evolutiva" e "não conflitual", já a pensar na próxima Revisão Constitucional.