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Bombistas podem ser paquistaneses

As autoridades indianas encaram o ataque armado de quarta-feira em Bombaim "como uma guerra". Mais de 140 pessoas morreram e pelo menos 300 ficaram feridas no atentado.

Maria Luiza Rolim*

"É como uma guerra. É um ataque muito sério que se distinguiu pelos alvos de alta visibilidade e pelo uso de uma rota que não esperávamos, por mar", afirmou hoje um dos oficiais superiores da Polícia civil indiana envolvidos na operação de segurança montada em todo o país.

Segundo a mesma fonte, "os militantes vieram aparentemente de um país vizinho, o Paquistão".

Entretanto, as forças de segurança indianas encontraram no Hotel Taj Mahal, cujo controlo já retomaram, "explosivos susceptíveis de causar graves danos".

Nas primeiras horas de hoje, a Polícia invadiu também a sinagoga de Bombaim, onde os extremistas mantêm um número desconhecido de reféns.

Factor surpresa distingue de ataques anteriores

"Há uma operação em larga escala em todo o país mobilizando todos os recursos disponíveis. Estamos a proteger grandes estações e gares rodoviárias, embaixadas e consulados, hotéis internacionais, bolsas, edifícios públicos", explicou omesmo oficial, que coordena directamente a resposta da Polícia civil numa das metrópoles indianas.

"Estações como a de Victoria, no coração de Bombaim, movimentam um milhão de pessoas por dia", explica o mesmo oficial para exemplificar a fragilidade destes alvos.

Segundo a mesma fonte, "oito dos militantes armados foram mortos, um foi ferido e dois continuam em fuga algures na cidade" de Bombaim, ao final da tarde de sexta-feira.

Os ataques coordenados em vários pontos de Bombaim provocaram, num balanço provisório, mais de 140 mortos, incluindo 14 elementos da Polícia e três oficiais superiores, disse a fonte policial.

"Os ataques foram desencadeados cerca das 22h30, hora indiana. É meio da tarde na Europa e de manhã na América. Tudo foi preparado pelos atacantes para terem o 'prime time' em directo no Ocidente durante o dia todo", afirmou o oficial superior.

"Por um lado, escolheram alvos entre os muito ricos e de grande impacto. O Taj Mahal Palace (and Tower) é um símbolo da Índia rica. Mas também mataram em estações de subúrbio, disparando indiscriminadamente sobre pessoas que são na maioria pobres", explica.

A fonte policial contactada pela Lusa salienta "o elemento surpresa" que distinguiu este ataque de muitos atentados à bomba na última década em cidades indianas.

Militantes chegaram por mar

"Os militantes chegaram por mar, o que lhes permitiu dispor de armamento desde o início da operação, o que seria impossível num ataque proveniente do interior porque as restrições à circulação de armas tornariam isso muito difícil", explica.

"O grupo usou primeiro barcos de pesca e depois passou para embarcações mais pequenas para lançar o ataque. Duas embarcações foram apreendidas, mesmo junto ao Gateway of India", o 'ex-libris' da capital financeira indiana, a sul da cidade, virado para o mar e situado à frente da entrada principal do Hotel Taj Mahal.

Segundo este oficial, todas as três forças de segurança da União Indiana estão envolvidas em Bombaim na resposta ao ataque: Polícia civil, Polícia paramilitar e Exército.

"No resto do país, o Exército ainda não entrou em acção, mas em Bombaim as três forças têm plenos poderes para a resposta aos ataques", afirmou o oficial de Polícia.