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Argentina a ferro e fogo

Duas pessoas morreram, centenas ficaram feridas e outras centenas foram detidas nos protestos registados  desde quarta-feira na Argentina. Manifestantes fizeram pilhagens a supermercados, camiões bombas de gasolina.  
Protestos ontem em Buenos Aires, a capital da Argentina
Getty Images

Maria Luiza Rolim (www.expresso.pt)

Dois mortos, dezenas de feridos e mais de 200 detidos. Este é o resultado provisório dos protestos e confrontos com a polícia em várias cidades da Argentina, incluindo  a capital Buenos Aires.

Os atos de vandalismo assinalam o 11.º aniversário da queda do Presidente Fernando la Rua, que foi obrigado pelo povo a apresentar a demissão na sequência de várias manifestações e motins, responsabilizado pela terrível crise financeira e económica na qual o país estava mergulhado.  

Hoje, cerca de 300 manifestantes, armados com pedras e paus tentaram invadir um supermercado em San Fernando, e a polícia respondeu com balas de borracha e bombas de gás lacrimogéneo.

Em Bariloche, depois das pilhagens ocorridas ontem em supermercados, bombas de gasolina e camiões, a situação voltou aparentemente à normalidade, com a polícia a patrulhar as ruas como num cenário de guerra.

Protestos um pouco por todo o país

Numa conferência de imprensa transmitida pelas televisões, o secretário da Segurança de Rosário - terceira maior cidade do país-, Matias Drivet, disse hoje que a polícia deteve 137 pessoas nas manifestações. Os detidos estão alegadamente envolvidos na pilhagem de armas de fogo e mercadoria diversa em supermercados chineses. 

"Nenhuma das vítimas (dois mortos e dois feridos) está relacionada com a ação policial. Em Rosário (província de Santa Fé, a 300 quilómetros de Buenos Aires) foi dada ordem ao chefe da polícia para atuar com elementos dissuasores, sem armas com munições de chumbo", acrescentou Drivet. 

O ministro da Segurança de Santa Fé, Raul Lamberto, disse que as pilhagens se registaram na sequência de uma forte tempestade na passada quarta-feira, que deixou algumas zonas da cidade inundadas. No entanto, as zonas mais afetadas não tiveram problemas.

"O mau tempo foi usado para originar vandalismo. Há autores e atores e factos que nada têm a ver com problemas sociais", disse Lamberto. Na cidade de Campanha, a 82 quilómetros de Buenos Aires, foram atacados dois supermercados, uma bomba de gasolina e camiões, com 100 detidos e uma dezena de polícias feridos, disseram fontes oficiais.

As autoridades declararam que a situação está controlada em todos os locais afetados, de acordo com a agência noticiosa espanhola EFE. Em Bariloche, onde 18 polícias ficaram feridos, "a situação está sob controlo", afirmou em comunicado o governador do estado de Rio Negro, Alberto Weretilneck. 

"É uma situação gerada por ativistas (...) em alguns casos, pessoas ligadas ao tráfico de droga e ao crime, e em outros, ativistas políticos que estão fora do sistema democrático (...) não há dúvida de que esteva foi planeado e organizado", garantiu.

Depois dos incidentes em Bariloche, a Presidente argentina, Cristina Kirchner, enviou para essa cidade forças de segurança federais, a pedido de Weretilneck.