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Expresso 50 anos

“É uma farmácia autêntica”: os banhos de mar do Pesqueiro são terapia todo o ano

Há quem aqui venha todos os dias, faça chuva, sol ou ventania. Uns ainda o sol não nasceu, outros já ele se está a pôr. À hora de almoço esta zona balnear de Ponta Delgada enche-se de companheiros de banhos de mar que levam a marmita para comer depois do mergulho. Todos saem daqui jovens.
Ana Baiao
Ana Baiao

Sãozinha Pereira é conhecida como “a mãe do Pesqueiro”. Há seis décadas que todos os dias, de segunda a sexta, entra no mar e nem o nascimento iminente dos seus cinco filhos a fez falhar. “Nasceram ao sábado”, sorri esta micaelense, reformada, sentada no grande degrau de betão negro que serve os banhistas desta zona balnear aos pés de Ponta Delgada. Ao seu lado, uma das amigas que foi fazendo neste ritual aquático, Maria, depois há de chegar a filha mais nova a escorrer mar.

Pela zona balnear das Portas do Mar espalham-se homens e mulheres, aos molhos ou sozinhos. Um homem de fato de banho e marmita no colo. A dois passos, uma mulher de pé, de fato de banho e touca, faz movimentos circulares com a anca, com os braços, aquecendo o corpo antes de entrar na água. Não está frio, o azul. Uns 19 graus, estimam os habitués. Hoje está sol.

Há quem entre na água por poucos minutos, há quem se equipe de touca e óculos (por vezes, de barbatanas) e siga o percurso das boias, nadando, para lá e para cá durante largos minutos. Aqui há nadador-salvador em permanência e balneários a funcionar o ano inteiro.

Há vários horários nesta rotina aquática. Há quem chegue antes das sete da manhã – neste turno estão trabalhadores, mas também gente mais velha que canta de cabelo molhado ainda o sol não despontou no horizonte. Todos parecem sorrir. Todos são jovens, tenham mais ou menos rugas. Samuel Antunes vai treinar “para a box do clube naval” às 6.00, dá um mergulho às sete e segue para o trabalho de bicicleta.

Maria Saraiva, uma das “filhas do Pesqueiro” de Sãozinha vem a meio do dia de trabalho: “quem vem cá na hora de almoço consegue fazer o seu exercício físico, confraternizar e almoçar”. Estão em amena cavaqueira banhada de sol e mar. Neste ritual cruzam-se benefícios: o do exercício físico, com o do contacto com o mar e o da confraternização.