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Vaga: a pandemia fez desaguar um espaço cultural em Ponta Delgada

Acaba de fazer três anos e assume-se como uma instituição cultural da cidade que quer facilitar as trocas com outras entidades e com jovens artistas dos Açores. Esta semana serão conhecidos os vencedores da primeira edição do prémio nova vaga destinado a apoiar artistas emergentes.

Ana Baiao

Está no alto de uma rua estreita daquelas de que é feita Ponta Delgada, a travessa das Laranjeiras, num espaço que é oficina, galeria e casa. Eis a Vaga – espaço de arte e conhecimento. O grande portão abre-se, criando um hall com várias possibilidades. Em frente, giram as portas pivotantes e entramos na galeria onde se despede a exposição Twin Islands, que juntou a artista visual portuguesa Sara Bichão e a performer francesa Violaine Lochu.

O espaço é dominado por duas esculturas. Aqui nos detemos, meio na penumbra, à conversa com o diretor artístico Jesse James, que explica que este projeto fez parte da temporada Portugal-França. Sara foi para a ilha de Ouessant, em França, Violaine veio para São Miguel. As duas artistas trabalharam a comunicação desses territórios insulares na galeria que agora se esvazia. Além da exposição, uma performance que uniu os territórios. Tudo começa a desvanecer-se. No fim de semana seguinte, a Vaga festejava o terceiro aniversário com uma feira gráfica, antes de encerrar por alguns meses para receber um novo telhado.

É este entra e sai a dinâmica que aqui se quer criar. “Este espaço ajuda a acontecer coisas novas e potencia uma geração de jovens artistas que estão a fazer as coisas cá e que encontraram neste lugar um sítio para vir buscar uma ferramenta ou para nos pedirem projetores, ou para virem cá apresentar coisas, ou para se reunirem”, enquadra o diretor artístico.

É um lugar de possibilidades este, e a arquitetura já o indicia. “Os nossos amigos do [atelier] mezzo criaram espaço que foi organizado em três dimensões: a oficina, a galeria que fica ao centro, que é um espaço de apresentação e pavilhão multiusos, e a casa, que é o espaço doméstico da casa, onde cozinhamos, nos reunimos”. Aqui é também a sede da Anda & Fala, associação que está por trás do Walk & Talk, festival que chega em 2025 à décima edição, transformado numa bienal que vai manter o nome, mas que “não vai ser a mesma coisa”, adianta Jesse James.