Se há característica que permite identificar um português nascido e criado na Madeira é forma como fala. Essa mistura de sotaque, léxico e sintaxe à qual é leal e sente orgulho. “Os madeirenses não têm um problema de auto-estima. Os vários estudos e inquéritos em sócio-linguística que fizemos mostram isso mesmo: há uma lealdade, um sentimento de pertença à comunidade que se traduz na forma como se fala. E esse orgulho é evidente nas classes sociais mais desfavorecidas e menos escolarizadas, entre os jovens universitários e nas elites”.
Aline Bazenga é professora da Universidade da Madeira e, nos últimos anos, tem orientado vários trabalhos académicos a propósito do português que é falado na ilha, essa variedade madeirense que, na verdade, tem várias camadas. Num espaço isolado a forma de falar trazida pelos povoadores no século XV misturou-se com as influências vindas de fora e o léxico próprio de atividades económicas desenvolvidas pela população em 600 anos de História.