Todos os dias, centenas de turistas percorrem as levadas e os trilhos para ter a experiência de atravessar a floresta húmida e densa que cobre as montanhas da Madeira. A floresta laurissilva é património da UNESCO, está protegida por lei, mas poderá não sobreviver às alterações climáticas. As projeções dos cenários climáticos indicam que, se nada for feito para diminuir as emissões de dióxido de carbono, em 2100 a temperatura poderá subir até mais 10 graus nos picos mais altos da Madeira.
“Em termos médios a temperatura deverá aumentar 3 a 5 graus”, explica Ara Gouveia, diretor regional do Ambiente. Foi a direção do Ambiente que apresentou, em outubro, a regionalização dos cenários climáticos e as alterações na temperatura, precipitação e nível da água do mar para os próximos 75 anos. E, tal como no resto do planeta, as conclusões são preocupantes.
O futuro será pior, embora a questão seja já o presente na Madeira. Junho de 2023 foi uma amostra de como o clima está a mudar. O mês começou com a passagem de uma tempestade, de nome Oscar, que colocou o arquipélago em aviso vermelho. E, em poucas horas, foi batido o recorde de chuva do país. Não só a tempestade passou tarde – no fim do Primavera – e depois de três meses quase sem chuva – como poucas semanas depois, no fim de Junho, a região enfrentou uma onda de calor, com temperaturas acima dos 30 graus e índices muito baixos de humidade no ar.
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Madeira: alterações climáticas assustam e podem ameaçar a floresta laurissilva
Se nada for feito para conter as emissões de carbono, a Madeira do fim do século XXI será uma ilha 3 a 5 graus mais quente, com menos chuva e maior risco de inundações nas localidades ribeirinhas devido à subida do nível do mar. As projeções dos cenários climáticos para o arquipélago indicam que até a floresta laurissilva pode estar em risco.