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Tanoaria: a arte de bem fazer envelhecer o vinho do Porto

As pipas que guardam o vinho durante décadas são feitas e mantidas pelos tanoeiros. É um ofício que tem vindo a desaparecer, mas num grande armazém, em Vila Nova de Gaia, mantém-se em funcionamento uma grande oficina, com sete tanoeiros que asseguram a manutenção de 20 mil pipas de vinho do Porto.

São sete os tanoeiros que mantêm viva a arte de reparar pipas com madeiras antigas
RUI DUARTE SILVA

Pedro nunca tinha pregado um prego, menos ainda trabalhado a madeira. Tem 32 anos e há seis na empresa e há dois na oficina de tanoaria da Symington, instalada num dos armazéns da Cockburn’s, em Vila Nova de Gaia. Em “quatro ou cinco meses” aprendeu a reparar as grandes pipas que ali chegam vendo os outros, seguindo-lhes os gestos e os ensinamentos. Hoje é um dos sete tanoeiros da oficina, que se dedicam a reparar as velhas pipas do vinho do Porto.

Os contentores do ilustre vinho que aqui chegam têm entre 65 e 70 anos, mas há também há exemplares centenários. A madeira, impregnada de vinho, cores e odores, é matéria-prima para futuros lotes e as reparações são feitas com madeiras usadas, também. Eis a excelência da tanoaria: trabalhar a madeira antiga, escutando-lhe a respiração.