As comemorações dos 50 anos do Expresso chegaram ao Porto, a última paragem nas capitais de distrito de Portugal Continental. A Câmara Municipal da autarquia abriu portas para uma cerimónia em que o presidente Rui Moreira entregou as chaves da cidade ao fundador do jornal, Francisco Pinto Balsemão.
“Uma cidade que tanto lutou pela liberdade e que muito preza os valores do liberalismo, como o Porto (...) não podia deixar de reconhecer o seu decisivo contributo para uma sociedade verdadeiramente livre e emancipada em Portugal”, discursou Rui Moreira.
No salão nobre do edifício, o autarca recordou o papel de Balsemão enquanto antigo deputado, primeiro-ministro e ao nível empresarial como fundador do Expresso. Descreveu-o como um “senador da democracia portuguesa” e frisou que “apesar de ter nascido num meio socialmente privilegiado, nunca abdicou de lutar por aquilo em que acreditava e de arrostar tantas vezes com as consequências do seu inconformismo”.
Da sua ligação ao Porto, Balsemão destacou as pessoas. Evocou nomes como os de Miguel Veiga, advogado e fundador do PSD que lhe abriu as portas de casa e lhe apresentou paisagens que não conhecia, e de Francisco Sá Carneiro, com quem colaborou em iniciativas políticas – entre as quais uma proposta de lei de imprensa que veio a ser chumbada – e viajou até Angola.
Durante a sua intervenção, não deixou de parte observações sobre a cidade em si: “o Porto tem alma, tem personalidade própria”. E deu um toque de humor às palavras, descrevendo que os portuenses “são, a princípio, um tanto desconfiados, sobretudo perante os ‘invasores’ lisboetas, mas que, no meu caso e decerto em tantos outros, sabem abrir as portas das suas casas, dos seus clubes, das suas agremiações, quando confiam e adotam os recém-chegados”.
Em declarações aos jornalistas sobre o que espera do futuro, Balsemão disse que a luta pela liberdade e pela democracia “nunca está ganha”, dando a atualidade mundial como exemplo disso. E frisou que os meios de comunicação têm um papel a cumprir. “É através de uma boa informação e de uma boa opinião, separadas uma da outra que as pessoas podem também ser esclarecidas e tomar elas próprias as suas opções”, analisou.