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Expresso 50 anos

2008: o ano em que o sistema financeiro colapsou

Há 15 anos o estouro do Lehman Brothers fez temer uma nova Grande Depressão. Mercados perderam 10 biliões de euros e sem intervenção dos governos e bancos centrais muitos bancos não resistiriam

Empregados da Lehman na 7ª Avenida, a quatro quarteirões da Times Square, abandonam a sede com os seus pertences

Há precisamente década e meia o mundo foi surpreendido com a queda do banco de investimento norte-americano Lehman Brothers, o quarto maior do seu género nos Estados Unidos. A 15 de setembro, as imagens dos empregados do mais que centenário banco levando as caixas de cartão com os seus pertences pela 7ª Avenida abaixo, em Nova Iorque, ou em Canary Wharf, na zona das docas, em Londres, correram mundo. Era a maior bancarrota da história, com mais de 600 mil milhões de dólares (€410 mil milhões) em dívida. Foi a maior vítima da crise do subprime que abalara o mundo no ano anterior.

A morte súbita de um dos gigantes financeiros afundou as Bolsas e deixou os investidores mais nervosos do que nunca naquela segunda-feira. Em Wall Street, o índice Dow Jones das cotadas gigantes deu um trambolhão de mais de 500 pontos, então a maior queda desde 17 de setembro de 2001, quando a Bolsa reabriu em Nova Iorque após os atentados terroristas de 11 de setembro (que esta semana fizeram 22 anos). Ninguém esperava que a dupla Henry Paulson, então secretário do Tesouro da Administração George W. Bush, e Ben Bernanke, presidente da Reserva Federal (Fed), o banco central norte-americano, deixasse cair um dos “demasiado grandes”. Não o tinham feito antes com o Bear Stearns, a 16 de março, nem com a Merrill Lynch, durante aquele fim de semana nervoso de 13 e 14 de setembro que o telefilme “Too Big to Fail” (lançado em 2011) bem ilustra, nem o fariam com a seguradora AIG (American International Group), a quinta maior do mundo, precisamente no dia seguinte. O Bear e o Merrill seriam encaminhados para serem comprados a desconto, na hora, pelo JP Morgan e pelo Bank of America, respetivamente. A AIG foi resgatada pelo Tesouro e a Fed e a conta final somou 142 mil milhões de dólares (€97 mil milhões). O Lehman seria depois vendido aos bocados ao Barclays britânico e ao Nomura japonês.