É uma sala com meia dúzia de generosos monitores, alguns com o ecrã dividido em quatro, a passar imagens em contínuo. O “programa”, esse, é sempre o mesmo: linces, linces, linces.Todos linces ibéricos. Nesta tarde quente de agosto, a ação é pouca: a maior parte dos animais, adultos e crias, está a dormir ou a espreguiçar-se em movimentos muito lentos. Um dos pequenos boceja. Só mais pela fresca vão sair desta natural letargia. A dado momento, há alguma movimentação. Falso alarme: “O que é que estão a fazer? Nada. Estão só a ser gatos”, responde Salomé Carreira, uma das médicas veterinárias. “Serem gatos é uma boa parte do que fazem aqui”, diz entre risos o diretor do Centro Nacional de Reprodução do Lince-Ibérico (CNRLI), Rodrigo Serra.
Em frente aos ecrãs estão em permanência médicos veterinários, etólogos (estudam o comportamento animal) e voluntários. Ampliam imagens, tomam notas. A vida desta equipa é acompanhar os exemplares de lince-ibérico (Lynx pardinus) que estão em cativeiro nos cercados do complexo, 365 dias por ano, 24 horas por dia. E, no momento certo, reintegrá-los na natureza.