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50 anos do 25 de Abril

1 de Maio de 1974: O dia em que o povo saiu à rua, os militares marcharam, e as janelas se enfeitaram de colchas e cravos

As colchas engalanaram as janelas, as crianças treparam para as cavalitas dos pais, tios ou amigos, as velhas choraram de alegria, os soldados varreram as casas no percurso da manifestação para assegurar que nenhum atirador furtivo estragaria a primeira festa da Liberdade. O dia estava cinzento em Lisboa, mas o povo foi “subitamente iluminado pelo sol” que vinha de dentro. A norte, o Porto viveu “umas das maiores manifestações de sempre”, Braga refazia-se da “tão grande mas necessária mudança de regime” e Viseu saiu à rua de “fato domingueiro”, sem manifestação

Mário Soares e Álvaro Cunhal,acabados de regressar do exílio e ainda unidos, na tribuna do Estádio 1º de Maio, durante o primeiro grande comício da democracia portuguesa, no dia 1 de maio de 1974
ARQUIVO A CAPITAL

“Nas ruas de todo o país, os portugueses deram uma lição exemplar de civismo. Não temeram o desafio. E passaram no teste”, lê-se na primeira página do vespertino A Capital, no dia que se seguiu à manifestação espontânea mais organizada que Portugal viveu – o 1º de Maio de 1974, Dia do Trabalhador e, finalmente, feriado nacional.

Na véspera a Junta de Salvação Nacional emitiu um comunicado, em que declarava reconhecer “aos trabalhadores portugueses o dia 1 de Maio, como o da sua festa maior e [como tal] decretou que seja feriado nacional (…) Entende a J.S.N. que a conquista das liberdades fundamentais é obra de cada um e de todos nós”, lê-se o comunicado da J.S.N., publicado com grande destaque na primeira página do Diário de Lisboa de 30 de abril.